A novela Dona de Mim tem se destacado por abordar temas profundos e muitas vezes silenciados na sociedade, como a perda gestacional. Ao retratar com sensibilidade essa experiência dolorosa, a trama rompe o tabu em torno do luto perinatal e dá visibilidade ao sofrimento emocional de milhares de mulheres e famílias que passam por essa situação no Brasil.
Em uma das cenas mais tocantes, a personagem principal, ainda em luto pela perda de seu bebê, apresenta sintomas claros de depressão: apatia, isolamento, insônia e choro recorrente. Seu companheiro, preocupado, tenta acolhê-la e menciona que o SUS oferece apoio psicológico para casos como o dela, destacando a importância do cuidado em saúde mental nos serviços públicos. Essa fala, embora breve, é potente: ela informa, acolhe e legitima o sofrimento psíquico de mulheres em luto gestacional, frequentemente invisibilizado.
A exibição dessa cena durante o mês de maio — dedicado à saúde mental materna — reforça ainda mais a urgência do debate. Este período é voltado à conscientização sobre o impacto emocional da gestação, parto e puerpério, incluindo experiências de perda. A novela, ao trazer esse tema para o horário nobre, cumpre um papel fundamental de educação e sensibilização social.
A discussão também se conecta diretamente à luta por políticas públicas. Um exemplo disso é a Política Nacional de Humanização do Luto Materno e Parental, aprovada recentemente pelo Congresso e que aguarda sanção presidencial. Essa política propõe, entre outras ações, o atendimento psicológico prioritário às mulheres e famílias enlutadas por perdas gestacionais ou neonatais, garantindo um cuidado integral, humanizado e livre de estigmas.
Ao integrar a narrativa ficcional com temas tão relevantes da realidade brasileira, Dona de Mim cumpre uma função social essencial: informar, sensibilizar e, acima de tudo, legitimar a dor das mulheres que sofrem perdas gestacionais, reforçando que elas não estão sozinhas — e que o cuidado precisa ser uma política de Estado.