O sol nasce todos os dias, para alguns ele vem anunciar um recomeço, para outros ele vem lembrar mais um dia de saudade.
Cada dia que passa é uma incerteza.
É a morte em vida.
É o recomeço após o fim.
Ressignificar não é esquecer.
Para cada dor vivida existe a possibilidade de um amor aumentado.
Cada mãe e cada pai que se despede de um filho, despede-se também de cada sonho associado a ele. De viver as fases, de reclamar das noites mal dormidas, de ouvir choros… Ninguém está preparado para escorrer leite das mamas e água salgada pelos olhos.
Por isso, cada dia é mais difícil que o outro.
Guimarães Rosa, com toda a delicadeza de ser, evidenciou que “viver é um rasgar-se remendar-se”, mas o remendar-se não significa esquecer-se.
Quando remendamos sempre deixamos marcas que nos relembram o quanto aquilo doeu e ainda dói, sempre que tocado.
Permitir que feridas cicatrizem não apaga a dor do amor, muito menos a lembrança da vida, por mais breve que ela tenha sido.
Permita-se viver sua dor, seu amor, sua saudade, sua lembrança. Fazendo tudo aquilo que cuida de si, enquanto remenda-se.
Texto de Raylla Figueiredo – @psi.rayllafigueiredo
Voluntária do ILP
Arte de Ana Teresa Barbosa